quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

François Villom- Poesia francesa

François Villon, um dos maiores poetas da língua francesa,
 foi o responsável pela elevação da poesia francesa, do que chamamos de período medieval,
 ao brilhantismo do classicismos.

Embora um gênio literário, tinha vida desordenada e erradia, mas de personalidade muito atraente,
 tanto que encontrou vários protetores salvando-o, inclusive, da forca, por duas vezes.

O poeta veio ao mundo em Paris, em 1431.

E tão pobre que, de seu, não tinha, sequer, o próprio nome.

Era François de Montcorbier, e foi adotado por um padre boníssimo, Guillaume de Villon, capelão de Saint-Benoit-Bétourné, que lhe facilitou os estudos e lhe deu nome.

 Em 1452, recebeu o grau de doutor em letras, mas, ainda estudante, já cometia loucuras,
 ligado a malfeitores.

Deixou a teologia pelo crime e, nas "horas vagas", pela poesia. 

É penoso recordar-se; porém, a verdade é que ele passou a viver entre malandros, ladrões, assaltantes, 
charlatões e bêbados.

Mal acompanhado, assassinou um sacerdote, Philippe Chermoye, em 1455,
 escondendo-se no campo, mas foi perdoado pelo rei Carlos VII.

Voltou a Paris e escreveu, em 1456, "Le petit testament". 

Todavia, recomeçando a sua vida irregular, participou, no Natal do mesmo ano (1456),
 de um roubo de dinheiro no Colégio de Navarre.

 Faminto, praticou outros roubos, e o vemos, ora fugindo da polícia, 
ora sofrendo torturas nas prisões.

Foi condenado à forca em 1460 e 1462.

Na sua curta existência, marcada por uma série lamentável de crimes,
 várias autoridades e tribunais o indultaram; e, nas penas de morte, salvaram-no duas anistias: 
de Carlos de Orleans e do próprio Luís XI.

Entre as duas condenações à morte, já alquebrado com apenas trinta anos, escreveu,
 em 1461, os seus melhores poemas, aos quais chamou simplesmente "Les Lais" ("Os cantos"),
 embora a posteridade (não ele) lhes desse o título de "Le grand testament". 

O Leito Universal assim os considera: "confissão de um patético pungente, 
obra poética original, sincera e muitas vezes encantadora".

  É certo que, em 1462, tentou regenerar-se, pois procurou Guillaume de Villon
 e este o recolheu aos claustros, de onde saíra anos antes.

Mas a lei não o esqueceu e foi buscá-lo, exilando-o em 1463;

Assim foi François Villon

Tomou o nome do pai adotivo, desonrou-o, mas lhe deu imortalidade.

Ainda se ignora a data de sua morte. Há fontes que citam 1480, como, também, 1489.

 A Delta Larousse acha que a mesma ocorreu logo depois de sua saída de Paris,
 portanto, em volta de 1463, e esclarece que "seguramente já estava morto quando apareceu, 
em 1489, a primeira edição de suas obras".

Will Durant, autor da copiosa "História da Civilização", registra o seguinte:
"A 3 de janeiro de 1463, a corte, diz o seu relatório, "ordenou que.. .
 a sentença precedente seja anulada, e - atendendo ao mau gênio do dito Villon - 
que seja exilado durante dez anos da cidade.., e do Viscondado de Paris". 

François agradeceu à corte numa alegre balada, e pediu três dias de indulto
 para "tratar de minha viagem e dizer adeus à minha gente".

Atenderam-no e, "provavelmente, foi essa a última vez em que viu o pai adotivo e a mãe.

Fez a trouxa, pegou na garrafa de vinho e na bolsa que o bom Guillaume lhe deu, 
recebeu a bênção do velho, e saiu de Paris e da história.

Nada mais sabemos dele".

Sim, nada sabemos em relação à data em que deixou este mundo. 

Mas, sabemos coisa muito mais importante: François Villon, cronologicamente, 
é o último e o maior dos "galiardos" medievais e o primeiro "poeta maldito".

E ainda: os séculos XIX e XX reconheceram esse criminoso errante
 como um dos maiores poetas da língua francesa.

  Clement Marot (1496-1544), que foi sucessor e editor de Villon
revelou-se um poeta mais talentoso e mais modernizado. 

Seus temas simples e agradáveis captaram a simpatia dos contemporâneos. 

Camareiro de Margarida de Alençon, irmã de Francisco l, e,
 depois, do próprio rei. 

Apontado como adepto do protestantismo, teve de exilar-se na Suíça (1540) 
e na Itália (Ferrara), onde morreu. 

Embora notável no epigrama e perfeito na epístola familiar, dava preferência à elegia, 
ao rondó, ao madrigal e, principalmente, à balada; mas, juntamente com Mellin de Saint-Gelais (1487-1558),
 levou o soneto da Itália para a França.

Humanista e poeta da corte de Henrique II, Saint-Gelais tentou fazer sombra a Ronsard e Du Bellay,
 os quais são apresentados neste site.

A nomeada de Marot começou a descair quando surgiu na França um punhado de poetas novos
 com a intenção de imitar os clássicos e purificar a língua, o que constituía, praticamente
uma adesão ao movimento renovador encetado na Itália.

Esses poetas pretendiam helenizar a França e, de início, chamavam-se a si mesmos "La Brigade".

Diz Will Durant que "um crítico hostil, vendo que eram sete, cognominou-os de "La Plêiade"; 
a vitória deles transformou a palavra numa bandeira de fama".

Aliás, a palavra "Plêiade" não era nenhuma novidade.

 "Plêiades", segundo a lenda grega, era o nome das sete filhas de Atlas e de Plêione,
 também conhecidas por Atlântides, que, desesperadas com os infortúnios de seu pai, 
suicidaram-se e foram metamorfoseadas em sete estrelas.

Eram Alcione, Celeno, Electra, Maia, Astérope, Mérope e Taigete.

Sob a inspiração desta lenda, e olhos fitos na constelação celeste já vulgarizada com o nome de Plêiade,
 sete poetas formaram a primeira "Plêiade": Licofron de Cálcide, Alexandre de Etólia, Filisco de Corcira,
 Homero de Bizâncio, Sosíteo de Alexandria, Sosífanes de Siracusa e Eantide ou Dionisíade de Tarso.

Foi no período alexandrino, quando era rei do Egito Ptolomeu II, Filadelfo, protetor das letras, 
que reinou de 285 a 247 antes de Cristo, e que mandou construir o famosíssimo farol de Alexandria. 

Casou com sua irmã Arsinoé.

Entretanto, foi no Renascimento francês que surgiu a Plêiade mais célebre. 

Os dois poetas destacados desse grupo foram Joachim Du Bellay (1522-1560)
 e Pierre de Ronsard (1524-1585), que fixaram, então, a forma do verso francês. 

Poesia mais emotiva, Du BellayRonsardJean Antoine de Baif (1532-1589),
 Ponthus de Thyard (1521-1605), Étienne Jodelle (1532-1573), Remi Belleau (1528-1577)
 e Jacques Peletier du Mans (1517-1582) - este, ao morrer,
 substituído por Jean Dorat (1508-1588) - fundaram a Plêiade.

Era um grupo de elite que estudava e praticava as formas clássicas,
como em AnacreonteTeócritoVirgílioHorácio e Petrarca.  

Du Bellay, a quem, igualmente, se atribui colaboração na introdução do soneto na França,
 não obstante ser de origem aristocrática, freqüentou tavernas, e foi numa delas, em Poitiers,
 que, em 1548, conheceu Ronsard.

Du Bellay redigiu e publicou, em 1549, o manifesto da ainda "Brigada",
 depois "Plêiade", cujos objetivos fundamentais eram os seguintes: ruptura com formas medievais,
 imitação dos antigos, reforma estrófica. 

O manifesto se chamava "Défense et Illustration de la Langue Françoyse" 
(Defesa e Ilustração da Língua Francesa), e marcou o início do Renascimento na poesia da França.

O poeta viveu em Roma, como secretário de seu primo, 
Cardeal Jean Du Bellay,de 1553 a 1555.

De volta a Paris, evocou sua experiência romana, publicando, em 1558, 
quatro coletâneas de versos: "Les antiquités de Rome" ("As antiguidades de Roma"), 
"Les regrets" ("Os pesares"), "Jeux rusLiques" ("Jogos rústicos") e "Poemata" ("Poemas"). 

A mais famosa é a coletânea "Les regrets", 
de sonetos muito bem elaborados e ungidos de doce melancolia.

 Era chamado "o príncipe do soneto".

Foi, porém, Ronsard quem contribuiu definitivamente, 
para o aprimoramento e divulgação do soneto na França;
 e o fez com grande merecimento e autoridade.

No que tange, vamos dizer assim, ao seu desempenho profissional e literário, 
dentro das cortes, assinalamos o seguinte: - Com 12 anos de idade, 
ingressou como pajem na corte de França e, depois, na corte da Escócia.

 Também se tornou favorito de Henrique II, Catarina de Médicis (sua esposa),
 Maria Stuart, e mesmo de Isabel da Inglaterra.

 Seguiria a carreira militar, mas, aos 17 anos, ensurdeceu quase completamente. 

Foi, então, forçado a renunciar à carreira das armas, dedicando-se à literatura.

 Desistiu da espada e brandiu a pena.

E o novo conjunto poético de que participava (a Plêiade) aderiu à corte de Catarina de Médicis
 (esposa de Henrique II), que trouxera para a França 
"uma comitiva italiana acompanhada de livros de Petrarca".

Seus versos oferecem uma variedade invulgar de ritmos,
 tendo deixado excelente bagagem de grandes sonetos.

Fez-se autor de uma imensa obra no gênero, abrangendo mais de seiscentas produções,
 "Les Amours" (dois volumes, 1552).

Cognominado "o Rei dos Poetas e o Poeta dos Reis", publicou número superior a trezentos mil versos, 
incluídos outros tipos de poesia, como "Odes" (1550).

'Will Durant destaca: "Ronsard tomou Petrarca como modelo e conseguiu uma graça
 e um refinamento jamais ultrapassados na poesia francesa

À Plêiade e, principalmente, a Ronsard, a literatura francesa deve 
o revigoramento do ideal clássico e o enriquecimento da língua,
 com inúmeros vocábulos derivados do grego e do latim. 

Boileau, exagerando, disse que Ronsard "em francês falava grego e latim".

Esse poeta, que deu ao soneto a maior importância, era o Petrarca francês. 

Desfrutava de enorme popularidade, mesmo fora da França. 

Torquato Tasso lhe pediu conselhos a respeito de sua obra imortal "Jerusalém Libertada".

Bastaria isto para dar a medida de seu prestígio.


Quando Henrique II morreu, em 1559, Ronsard continuou nas graças do filho, Carlos IX, 
sendo por este distinguido como poeta da corte.

O declínio de Ronsard começou em 1574, pois, logo no princípio do reinado de Henrique lll 
(irmão de Carlos IX), foi suplantado por Philippe Desportes (1546-1606), nomeado o novo poeta da corte.

Os críticos de Malherbe, no começo do século XVII, derrubaram a reputação de Ronsard
que ficou esquecido por dois séculos.

Entretanto, com o advento do Romantismo, Sainte-Beuve reabilitou Ronsard e a Plêiade,
 ao publicar, em 1828, sua obra memorável 
"Quadro histórico e crítico da poesia fran5esa no século XVI".

Louise Charly, chamada Labé (1524-1566), "a Bela Cordoeira" (filha e mulher de cordoeiros),
 muito bonita e culta, foi excelente poetisa, autora de sonetos deliciosos e tristes;
 e de alguns dos melhores versos amorosos da língua.

 Autora do livro "Oeuvres", com 3 elegias e 23 sonetos.

Depois de escrever que "a cruzada clássica começou na Liáo do próprio Rabelais",
 e que Maurice Sève "preparou o caminho para Ronsard",
 Will Durant acrescenta haver sido a mais séria concorrente de Sève, em Liáo, "uma mulher,
 Louise Labé, que, de couraça, lutou qual outra Joana em Perpignan". (....)
 "A mulher lia grego, latim, italiano e espanhol, tocava muito bem alaúde,
 mantinha um salão para os rivais e os amantes, e escreveu alguns dos mais antigos
 e mais belos sonetos da língua francesa.

Podemos julgar-lhe a fama pelo funeral que teve (1566), o qual, segundo um cronista, "foi um triunfo.

Foi levada através da cidade com a face descoberta e a cabeça coroada por uma grinalda de flores.

A morte não conseguiu desfigurá-la e o povo de Lião cobriu-lhe a campa de flores e lágrimas".

Através desses poetas de Lião, "o estilo, e a forma petrarquianos passaram a Paris e entraram na Plêiade".

Estas são alguns dos detalhes dos primeiros passos da poesia na França.

Visitando este site, você poderá conhecer a poesia destes grandes poetas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário