domingo, 31 de outubro de 2010

Entrevista com Mariana Botelho

o dia 14 de março é comemorado o Dia Nacional da Poesia. A data criada foi uma homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (14/03/1847-1871). Para comemorar esse maravilhoso dia, o Poucas e Boas da Mari entrevistou a “poeta blogueira” Mariana Botelho. Mariana é formada em educação física, mas o interesse pela poesia surgiu de forma natural. A poeta publica seus poemas no blog Suave Coisa. Leia a entrevista na íntegra.
01. Mariana, você escreve poesias desde os 12 anos de idade.  Como surgiu o interesse por elas?
Mariana Botelho
Mariana Botelho
Surgiu de maneira muito natural, na escola mesmo, logo quando tive o primeiro contato com a literatura, com a possibilidade de criar e falar através dela. Ficava encantada com as histórias dos poetas clássicos. Adorava passar horas conversando com a moça da biblioteca. Não me esqueço do espanto dela quando eu procurei pela primeira vez um livro do Fernando Pessoa. Ela sorriu e perguntou: “é para o seu pai?”
02. Você é uma jovem poeta, mas escreve como “gente grande”. De onde vem essa maturidade na escrita?
A verdade é que ainda não me sinto madura na escrita. E espero que não me sinta nunca (rs). Acho que há uma maturidade relativa, mas isso acaba acontecendo mesmo com quem escreve e é sempre muito bom quando notamos que isso acontece. Eu enxuguei minha poesia e acho que o poeta sempre ganha com isso. Mas aprendi lendo outros poetas e, principalmente convivendo com outros poetas, ouvindo o que eles têm a dizer. Ainda ouço e pra mim é sempre enriquecedor.
03. Quais são suas influências e qual (is) dela(s) “aparece(m)” com frequência em seus versos?
Hoje é difícil eu mesma perceber as influências no que escrevo. Há uns quatro anos, eu diria que o Quintana, sem dúvida, estava presente na minha poesia. Hoje já não o vejo, mas vejo muitos outros se misturando à minha escrita. Não tenho dúvida que se pudesse ver traços do poeta mineiro Adair Carvalhais Jr. em diversos poemas meus. Comecei a ler e fiquei mesmo impressionada com o ritmo do poema dele, com a lapidação que ele dá ao poema. Foi uma redescoberta da poesia. Agora, já absorvi um bocado dessa influência também e acho que coloquei, nessa influência, minha identidade.
04. Como “vem” a inspiração para a sua construção poética? Ou é somente “construção”?
Vem de olhar e absorver. Vem do espanto com as coisas. Há espanto em sentir, perceber-se sentindo, aceitar isso. Um dia, quando acordava, abri a janela e me espantei com aquela vista. Disse: “meu Deus! Como posso ter isso na minha janela?” Nasceu um poema na mesma hora. Acho que a última coisa que eu penso é na “construção”. O poema vem de um gole, se derrama de uma vez só e é uma sensação sem par. Depois de um tempo releio, tento me afastar dele pra ver se posso mexer em alguma coisa. Dificilmente eu mexo ou mudo alguma coisa, ainda não aprendi a paciência pra lapidar o poema.
05. Poeta de internet, você publica seus textos no blog “Suave Coisa” (http://quelevequenada.blogspot.com/). Haveria outra possibilidade de publicação caso não houvesse esse meio tecnológico? As editoras fecham “os olhos” para novos talentos ou para essa vertente literária?
Acho que nunca pensei nisso. A idéia do blog surgiu mesmo entre amigos que gostavam de escrever e moravam longe. Mas eu sempre fui muito tímida, então não pensava mesmo em publicar num outro lugar. Só agora amadureço a idéia de um livro, nunca me senti pronta pra isso. Talvez houvesse outros meios: algum jornal com uma coluna literária. Mas não sei mesmo dizer. A questão das editoras é com os leitores, creio eu. Poesia não é sempre uma leitura fácil, não é o que as pessoas mais procuram. A questão é comercial.
06. Como encarou a nova regra ortográfica brasileira, já que você é uma artista que brinca com as palavras?
Ainda não aderi ao acordo ortográfico (rs). Vai ser bem difícil acostumar com essas mudanças, a meu ver, um tanto inúteis. Se eu ou você pegássemos um livro de Portugal, certamente entenderíamos sem problemas.
07. Em uma entrevista para o PBM, o poeta Cláudio Bento disse que um dos problemas para as crianças e jovens não se sensibilizarem mais com a poesia está na falta de incentivo dos professores e também do poder público. Você concorda com a opinião do poeta?
Sua formação escolar contribuiu para com o seu gosto pela poesia?Concordo, sim. Há pouco incentivo. As pessoas precisam ter contato para gostar, muita gente pouco ouve falar do assunto. É um grande círculo vicioso. Os pais não tiveram incentivo, os filhos não terão. Minha formação escolar contribuiu, eu tive duas professoras em especial, que eram apaixonadas por poesia e apreendi um pouco disso. Mas meu pai me fazia ler em casa, me falava sobre alguns poetas e eu ficava curiosa, buscava mais. Acho que o problema não é da escola em si, mas da educação de um modo geral. Enfim, creio que há vários fatores que interferem nisso.
08. Quem lê poesia hoje?
Poucas pessoas. Quem escreve, quem estuda, quem cresceu aprendendo a gostar. Com exceções de quem descobriu que tem sensibilidade pra poesia depois de grande…
09. Uma mensagem para os frequentadores do site Poucas e Boas da Mari.
Um abraço a todos e… leiam poesia!
Fotos: Divulgação
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